NÓS MATAMOS O TEMPO, MAS ELE NOS ENTERRA

sexta-feira, 10 de junho de 2011

DIÁRIO DE UMA CRIMINOSA


Agora, tarde da noite, depois de ter sobrevivido a uma aventura e tanto, estou aqui para enfim relatar por todos o sufoco que passei. Ainda não compreendo muito bem como sai inteira daquele lugar, mas enfim, estou  disposta a explicar:Eu e meus companheiros, quatro jovens muito astutos, reunimo-nos em nosso esconderijo costumeiro. Precisávamos planejar o quanto antes  o que faríamos para um assalto bem sucedido.
Era vital que tudo se saísse perfeitamente calculado. Qualquer erro seria fatal. Ainda mais com a fama que tínhamos com as autoridades, que queriam nossas cabeças a qualquer custo. Tudo estava sendo preparada nos mínimos detalhes e na noite seguinte, colocaríamos tudo em pratica. Enfim o assalto que nos colocaria na história seria executado. Confesso que me sentia um pouco transtornada, minha consciência me incomodava em alguns momentos, mas não haveria como voltar atrás, tudo estava consumado.
Passaram-se as horas, escurecer. Íamos fazendo os preparativos para nosso grande momento. Tudo estava indo bem. Agora era só esperar a cidade se recolher e nós agiríamos. Meia noite. Tudo calmo, nos cinco caminhávamos silenciosos até nossa van, disfarçados de carro dedetizador. Estacionamo-la alguns metros do nosso alvo e rapidamente fomos até lá. Um de nos arrombou com cuidado, evitando qualquer ruído. Havíamos terminado tudo, bastava recolher tudo e levar até a van, mas aconteceu um imprevisto. Acabei caindo e esbarando em qualquer coisa que eu não tenha identificado que disparou o alarme. Não demorou muito e o banco já estava rodeado de viaturas, policiais armados, uma algazarra só.
Eu me sentia aflita, não sabia como reagir. Fugir não resolveria nada. Não havia o que fazer. Recomendei que nos rendêssemos, mas um de nós, o mais inexperiente e impulsivo, desatou a correr para qualquer  lugar que lhe desse uma saída, o que foi seu último movimento. Um tira, muito rápido e preciso, não pensou duas vezes e atirou, acertando em cheio nas costas do fugitivo, que caiu de imediato, estirado no chão. Chocados, todos olharam para a cena. Realmente devíamos nos entregar para a justiça.
Mãos para o alto caminhávamos indefesos para as viaturas. Certamente não iria ser pouca coisa o que fariam com nossas peles. Fomos enviados a um presídio de segurança máxima. Jogaram-nos em uma das celas mais fétidas e úmidas do lugar. Os dias iam passando, éramos torturados como animais, estávamos imundos, mas em nossas mentes, matutava uma fixa ideia de fuga. Durante todo o tempo em que estávamos ali, cavamos incansavelmente, uma saída daquele inferno. Era um túnel que saia próximo as cercas que fechavam o presídio todo, fora a fora. Assim que tivemos uma pequena chance, quando os guardas não prestaram atenção em nossa cela, desatamos a fugir. Era só isso que podíamos fazer depois daquela decisão.
Chegamos ao térreo do presídio, como o esperávamos. Mas não estava nos planos, os alarmes dispararem tão depressa, sem nos dar chance de sair de alcance ao menos. Os vigias puseram-se em modo de ataque, com as armas apontadas para qualquer lugar que julgassem suspeito. Por sorte e cuidado também, conseguimos desviar dos olhares ameaçadores que nos procuravam. Algo estranho então aconteceu.
Um de nós acabou encontrando um alçapão, rente ao paredão de pedra. Estava coberto por arbustos, mas era o bastante para salvar nossas vidas. Entrei por último, fechando o alçapão. Uma escada nos levava para um cômodo no subsolo, como uma sala secreta, que era o encontro de vários corredores, estes iam para todos os lados. Certamente seria arquitetura de um fugitivo muito astuto. Ou... Uma sala de tortura. Sim, sem dúvida acabávamos de parar na sala de tortura que costumávamos frequentar regularmente. Eu olhei ao meu redor e quase vomitei ao ver uma companheira de corredor pendurada na parede. Enojada, fiquei olhando a cena.
Ela já devia estar morta a alguns dias, pois um fétido cheiro tomava conta de minhas narinas. Seus pulsos, forçados por uma corda que a prendia no alto, rasgavam, pois começavam a apodrecer, e seu rosto, com sangue seco, era devorado por vermes em um dos lados. Senti as coisas escurecerem ao meu redor, mas um de meus comparsas evitou que eu desmaiasse, me amparando a tempo. Teríamos de sair de qualquer forma. Logo o pessoal que cuidava daquela pocilga iria aparecer e nós seriamos flagrados. Caminhamos sem parar, damos voltas e mais voltas, até enfim, encontrar uma misteriosa saída, até um pouco suspeita, mas era nossa chance.
A saída era muito estreita, mas com certo esforço, saímos. Limpei-me um pouco do pó que havia pegado no caminho, e assim que ergui os olhos, deparei-me com um enorme penhasco, rente ao presidio. Aquilo só poderia ser um projeto do inferno. Não havia saída, teríamos que voltar de onde saímos. Era morrer caindo, ou provavelmente, morrer lutando contra os carrascos, contra todos. Voltamos. Não iriamos desistir ali. Iriamos até o fim.
Sei que por mais que possa parecer difícil a situação que estamos, mas eu consegui salvar minha pele, foi muito trabalhoso contornar aquela gente, mas, mesmo não sendo das melhores pessoas, eu estou bem.





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